A arte de proteger o que é sagrado

Vivemos numa cultura apressada.
Barulhenta.
Ansiosa por performance, por aceitação, por resposta rápida.
Uma cultura que não sabe parar. E, por não saber parar, não sabe respeitar.

Nessa pressa, aprendemos a nos calar.
A dizer sim quando queríamos dizer não.
A sorrir por fora e silenciar por dentro.
Como se valer alguma coisa dependesse de quanto aguentamos —
e não de quanto nos honramos.

Mas o corpo sente. A alma registra.
A psique, delicada e sábia, entende cada gesto como um sinal:
“Se você não coloca limites, talvez não esteja se amando o suficiente.”

E assim, adoecemos por dentro.
Não por fraqueza, mas por lealdade ao que é ferido em nós.

Dizer “basta” é um ato de coragem.
Colocar um limite é construir margem pro rio da vida fluir.
É dizer: “aqui termina o que me fere, e começa o que me fortalece.”

Há quem confunda limite com dureza.
Mas limite é afeto.
É a forma mais amorosa de dizer a si mesma:
“eu me vejo, eu me importo, eu não vou me abandonar.”

Nessa cultura que tudo compra, tudo consome, tudo exige,
manter o próprio centro é um ato de resistência silenciosa.
Quase subversiva.

Nos ensinam a doar até secar.
A ceder até sumir.
Mas o que nos cura, o que nos sustenta, é o equilíbrio entre o dar e o preservar.

Limite não é muro — é margem.
É linha sagrada onde a alma pode descansar sem medo.
É o traço invisível que protege nossa energia,
nosso tempo, nosso corpo e nossa criação.

E quando aprendemos isso…
a vida começa a voltar.
As águas se tornam mais claras.
E o que antes era caos, vira escolha.

Porque quem aprende a se honrar,
não aceita mais ser lugar de descarrego do outro.
Quem se cuida, se curva apenas diante do que é verdadeiro.

Beijo-te
Papoula Brasil

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