
Tudo um dia foi apenas um sonho
Antes de tudo existir, havia apenas um desejo sutil, quase um sussurro. Um sonho sem forma, mas com raízes profundas: criar um espaço para mulheres. Um espaço de pausa, de acolhimento, de verdade. Eu não sabia ao certo como seria, só sentia que precisava nascer. E, no fundo, entendo agora — era uma forma de encontrar o meu próprio ninho.
Esse espaço nasceu primeiro como abrigo para mim. Um lugar onde pude descansar o corpo e a alma, onde as palavras encontraram caminho, onde as dores começaram a se transformar. Mas algo bonito aconteceu nesse processo: percebi que o ninho que me acolhia também podia acolher outras.
Foi assim, quase sem perceber, que o sonho cresceu. Ele se fez ponte, colo, lar. Mulheres começaram a chegar — com suas histórias, suas perguntas, suas cicatrizes e esperanças. E o que era meu, virou nosso. Um território de partilha e pertencimento. Um ninho feito de afeto, escuta e força ancestral.
Hoje, olho para tudo isso com gratidão. O que antes era apenas sonho virou morada. Um espaço vivo, pulsante, que continua se reinventando a cada mulher que pousa aqui.
Criar esse ninho foi, e ainda é, uma forma de lembrar que não precisamos fazer tudo sozinhas. Há sempre um lugar onde podemos pousar — e às vezes, esse lugar nasce quando temos coragem de sonhá-lo.
E é curioso perceber como esse espaço — que nasceu de um silêncio íntimo — se tornou um lugar de tantas vozes. Vozes que ecoam memórias, que curam feridas antigas, que ousam sonhar novos caminhos. Cada mulher que chega traz um fio, e juntas vamos tecendo uma grande tapeçaria de experiências, saberes e mistérios.
Aos poucos, vamos aprendendo a desacelerar. A reaprender a linguagem do corpo, a respeitar os ciclos, a ouvir o chamado da alma. Aqui, não há pressa. Há presença. Há o tempo certo da semente, do broto, da flor. Cada uma caminha no seu ritmo — e isso basta. Não se trata de chegar a um destino, mas de voltar a si.
Esse ninho não é feito de certezas. Ele é feito de verdade, de pele viva, de escuta. É um espaço onde a vulnerabilidade é força, onde o cansaço encontra colo, onde o riso e o choro caminham juntos. Aqui, celebramos o feminino em suas múltiplas formas — instintivo, criativo, sábio, selvagem.
Beijo-te
Papoula